Um artigo publicado no site da American Academy of Dermatology (AAD), por Allison Evans, analisou o diagnóstico e o tratamento da onicomicose, além do aumento da resistência às terapias antifúngicas. A onicomicose (tinea unguium) representa a maior proporção de distúrbios ungueais observados na prática clínica, sendo seu tratamento completo, em muitos casos, um verdadeiro desafio para médicos e pacientes.
De acordo com Shari Lipner, MD, PhD, FAAD, médica assistente e diretora da Divisão de Unhas do Hospital Presbiteriano de Nova York/Centro Médico Weill Cornell (EUA), ter tinea pedis (pé de atleta) é um fator de risco significativo para onicomicose, assim como hiperidrose e histórico familiar de onicomicose ou tinea pedis. Ainda segundo a especialista, como o risco de transmissão da onicomicose é de cerca de 44% a 47% para outros membros da família quando uma pessoa é afetada, ao observar uma criança com a doença é importante trazer seus pais e irmãos para garantir que eles também estejam sendo tratados.
Como realizar o diagnóstico correto
Como as características clínicas da onicomicose podem ser confundidas com as de doenças ungueais não fúngicas – como psoríase ungueal, líquen plano, trauma ungueal e melanoma subungueal – nós, dermatologistas, nunca devemos tratá-la empiricamente. É importante realizar testes de diagnóstico, incluindo KOH e microscopia, coloração PAS e/ou cultura fúngica e o teste PCR (subutilizado, mas eficaz).
“Tratar empiricamente é um desserviço ao paciente. O tratamento de qualquer doença ungueal é um processo longo porque a unha cresce lentamente, por isso, se você estiver no caminho errado, o paciente definitivamente não vai melhorar – e pode até piorar”, explica a Dra. Lipner. Para Boni Elewski, MD, FAAD, professora e chair de Dermatologia da Universidade do Alabama, “o mais importante na abordagem de um paciente com onicomicose é fazer o diagnóstico correto. Se você presumir que todas as unhas anormais são causadas por um fungo, você estará errado na metade das vezes.”
Por isso, na prática diária, além da suspeita clínica, o diagnóstico preciso da onicomicose muitas vezes requer diagnóstico laboratorial. Segundo o artigo, a realização de um exame histopatológico com PCR proporciona a melhor eficácia diagnóstica, pois o primeiro indica a presença de uma invasão fúngica na lâmina ungueal e o último identifica o patógeno, permitindo assim terapias direcionadas.
Resistência ao tratamento antifúngico
Segundo a Dra. Lipner, nos últimos 10 anos têm sido encontradas cepas de T. rubrum resistentes à terbinafina, o que é algo para se preocupar: “se perdermos a terbinafina, não teremos muitas opções de tratamento restantes”.
Utilizando itraconazol para casos resistentes à terbinafina, a Dra. Elewski ensina que outra opção é recorrer ao tratamento tópico, como efinaconazol e tavaborol. Porém, segundo ela, as taxas de cura não são muito boas, pois são melhores para doenças mais leves.
Sobre o controle dos medicamentos antifúngicos, a especialista deixa um recado. “Precisamos ter certeza de que não dependemos de nossos olhos e devemos testar antes de prescrever. Estamos todos preocupados com a resistência e isso se deve, em parte, ao uso excessivo desses medicamentos.”
Atualmente há diversos tratamentos para onicomicose em andamento, como a terbinafina tópica que, apesar de um estudo mostrando boa eficácia, a solução tópica deixou a unha opaca. Seguimos aguardando ansiosamente os próximos estudos.
Leia aqui o artigo na íntegra https://www.aad.org/dw/monthly/2024/january/feature-whats-the-fuss-about-fungus