O adalimumabe, único biológico registrado para tratar hidradenite supurativa (HS), apresenta resposta clínica em até 60% dos pacientes, deixando muitos com necessidade de outras opções terapêuticas, como a cirurgia.
Ao reduzir os nódulos e abscessos inflamatórios, dados do estudo PIONEER mostraram que o número de túneis de drenagem melhorou apenas marginalmente durante o tratamento com adalimumabe. Isso provavelmente explica por que, em estudos com este imunobiológico, a maioria dos pacientes (>70%) requer cirurgia além de sua terapia biológica e as taxas de resposta HiSCR (Resposta Clínica de Hidradenite Supurativa) são maiores que nos estudos clínicos randomizados (60% vs 70%).
Dessa forma, a fim de comparar a eficácia clínica de adalimumabe combinado com cirurgia adjuvante e adalimumabe em monoterapia em pacientes com HS moderada a grave, um ECR de fase IV (NCT03221621) foi conduzido no Departamento de Dermatologia do Erasmus University Medical Center Rotterdam (Holanda), de agosto de 2018 a julho de 2022.
O desfecho primário foi a diferença na redução média do IHS4 (International Hidradenitis Suppurativa Severity Score System) após 12 meses de tratamento com a diferença na redução média do DLQI (Dermatology Life Quality Index) como um desfecho secundário importante.
Trinta e um pacientes foram incluídos. A média de IHS4 no início do estudo foi de 23,9 ±10,7 no grupo de cirurgia e 20,9 ±16,4, no grupo de monoterapia. Após 12 meses de tratamento, o grupo de cirurgia teve uma redução significativamente maior em IHS4 em comparação com o grupo de monoterapia (-19,1 ±11,3 vs. -7,8 ±11,8, p<0,001).
Além disso, o grupo de cirurgia apresentou uma redução maior no DLQI após o tratamento em comparação com o grupo de monoterapia (-8,2 ±6,2 vs. -4 ±7,7, p=0,02).
A conclusão foi de que a combinação de adalimumabe com cirurgia resultou em uma maior eficácia clínica e melhor qualidade de vida após 12 meses em pacientes com HS moderada a grave.
“Em nosso estudo, o benefício da cirurgia adicional foi impressionante, com reduções significativas na pontuação IHS4, bem como na qualidade de vida do paciente. Isso também confirma descobertas anteriores de um estudo observacional que mostrou um declínio mais rápido da doença após combinação de adalimumabe e cirurgia em comparação com monoterapia utilizando biológicos ou monoterapia cirúrgica”, afirmam os autores.