Em maio foi confirmado um surto inicial de varíola dos macacos, doença transmitida pelo vírus monkeypox, do gênero orthopoxvirus, e rapidamente houve um aumento global dos casos. Em 23 de julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência global diante da confirmação de pessoas infectadas em diversos países.
O monkeypox é endêmico da África Ocidental e Central e, por isso, o surto atual é atípico. Para auxiliar os dermatologistas e deixá-los melhor preparados caso se deparem com sintomas suspeitos durante esta emergência global, um artigo elaborado por Khanna U et al. foi publicado no Journal of the American Academy of Dermatology (JAAD), com o propósito de disponibilizar informações sobre as características clínico-epidemiológicas da doença (leia aqui o artigo na íntegra).
Informações básicas – mas essenciais
Com período de incubação que varia de 5 a 21 dias, os sintomas característicos da varíola dos macacos são febre, erupções cutâneas e linfadenopatia. O exantema vesiculopustular surge de um a três dias depois, primeiro na face, seguido por uma propagação centrífuga que pode envolver os órgãos genitais e superfícies palmoplantares. Os pacientes são considerados infecciosos até que todas as lesões apresentem crostas com reepitelização completa. De acordo com os autores, diante dessas manifestações cutâneas proeminentes, diferenciar o monkeypox de outras causas de exantemas infecciosos vesiculopustulares febris torna-se imperativo.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) propuseram definições de caso para o monkeypox, e sua confirmação requer uma reação em cadeia da polimerase específica de monkeypox lesional positiva (exame PCR). A biópsia de pele geralmente não é indicada, pois os achados podem ser semelhantes a outros diferenciais.
Sintomas atuais são diferentes de outros surtos
No surto atual de monkeypox os especialistas têm observado quadros atípicos do padrão tradicional da doença, que podem ser confundidos com outras doenças cutâneas – como herpes. As diferentes manifestações – como pacientes que apresentam sintomas quase imperceptíveis da doença – têm sido relatadas em vários artigos científicos.
“Durante este surto específico observamos que as erupções podem começar na virilha, região genital ou ao redor do ânus, e às vezes permanecem no local em que surgiram em vez de se espalharem”, diz Esther E. Freeman, dermatologista membro da Força-Tarefa Monkeypox da Academia Americana de Dermatologia (AAD).
Um outro artigo, publicado no British Medical Journal (BMJ) por Patel A. et al. (leia aqui o artigo na íntegra), com a participação de 197 pacientes positivos para monkeypox, relatou novas apresentações clínicas da infecção, como dor retal e edema peniano. Todos os participantes deste estudo apresentavam lesões mucocutâneas, mais comumente nos genitais (56,3%). Segundo os autores, “uma associação temporal variável foi observada entre as características mucocutâneas e sistêmicas, sugerindo um novo curso clínico para a doença.”