Em setembro do ano passado, 233 revistas médicas internacionais publicaram um editorial pedindo ações urgentes para reduzir o aquecimento global e os efeitos à saúde relacionados às mudanças climáticas. Entretanto, a especialidade de dermatologia não estava representada no documento.
Diante da preocupação de que todos os profissionais de saúde façam o possível em prol da sustentabilidade, um artigo publicado no Journal of the European Academy of Dermatology & Venereology (JEADV), por E. Parker et al., destaca a “necessidade dos dermatologistas trabalharem proativamente para compreender e mitigar os efeitos adversos à saúde das mudanças climáticas”, uma vez que pesquisas recentes mostraram que a maior parte dos dermatologistas está preocupada com essa questão e os impactos na saúde cutânea.
Os danos causados pelas mudanças climáticas à saúde pública
Os autores ressaltam que muitas doenças dermatológicas são sensíveis ao clima – incluindo dermatoses alérgicas e inflamatórias, como dermatite atópica, doenças autoimunes bolhosas e do tecido conjuntivo, neoplasias cutâneas, infecções, doenças transmitidas por vetores, fotoenvelhecimento, deficiências nutricionais e distúrbios pigmentares.
Dessa forma, relatam que, embora os dermatologistas estejam profissionalmente encarregados de diagnosticar, tratar, pesquisar e mitigar os danos à saúde causados pelas mudanças climáticas, a saúde está entre os setores de serviços mais geradores de carbono em todo o mundo, contribuindo em 4,6% para as emissões globais de GEE (gases de efeito estufa).
Engajamento urgente e mudança de atitude
Algumas ações adotadas em nosso dia a dia podem ajudar – como a segregação adequada dos resíduos, reciclagem de itens de uso comum, reprocessamento adequado de dispositivos médicos de uso único e aumento dos serviços de telemedicina. Além disso, segundo os autores, os dermatologistas podem “educar” seus pacientes sobre estratégias de prevenção, como usar roupas de proteção solar e térmica e utilização de aplicativos para calor, qualidade do ar e índices de UV para planejar atividades ao ar livre.
Um conceito essencial para os dermatologistas é que os impactos das mudanças climáticas vão muito além das doenças de pele, pois são um multiplicador de ameaças para a saúde pública, a equidade e os sistemas de saúde.
A mudança climática é a crise de saúde mais assustadora deste século, e a dermatologia não pode mais ser cúmplice, nem espectadora. “Devemos nos engajar de forma mais significativa nas principais questões climáticas, indo além da mera discussão dos impactos das mudanças climáticas relacionados à pele. Chegou a hora dos dermatologistas e nossas Sociedades médicas se levantarem coletivamente para enfrentar essa crise.”